06 novembro, 2006
Marx e Engels
Karl Marx
Nasceu numa família de classe média. Seus pais tinham uma longa ascendência judaica, mas, tiveram que se converter ao cristianismo em função das restrições impostas à presença de judeus no serviço público. Em 1835 Marx ingressou na Universidade de Bonn para estudar Direito, mas, já no ano seguinte transferiu-se para a Universidade de Berlim, onde a influência de Hegel ainda era bastante sentida, mesmo após a morte (em 1831) do celebrado professor e reitor daquela universidade. Ali, os interesses de Marx se voltam para a filosofia, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Doutorou-se em 1841 com uma tese sobre as Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro. Nesse mesmo ano concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com a dialética de Hegel.
Impedido de seguir uma carreira acadêmica, tornou-se em 1842 redator-chefe da Gazeta renana. Com o fechamento do jornal pelos censores do governo prussiano, em 1843, Marx emigra para a França. Naquele mesmo ano, casou-se com Jenny von Westphalen. Deste casamento, Marx teve cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura, e Guido. Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições financeiras a que a família estava submetida. Marx já havia sido privado da oportunidade de seguir uma carreira acadêmica na Alemanha pelo recrudescimento do absolutismo prussiano, que tornava suas posições como hegeliano de Esquerda inaceitáveis, e, com a Revolução de 1848 e o exílio que se seguiu a ela, foi obrigado a abandonar o jornalismo na Alemanha e tentar ganhar a vida na Inglaterra como um intelectual estrangeiro desconhecido com meios de subsistência precários, sofrendo, assim, a sorte comum destinada pela época às pessoas destituídas de "meios independentes de subsistência" (isto é, viver de rendas), e sua incapacidade de ter uma existência financeiramente desafogada não parece ter sido maior do que a dos seus contemporâneos Balzac e Dostoievsky. Durante a maior parte de sua vida adulta, sustentou-se com artigos que publicava ocasionalmente em jornais alemães e americanos e por diversos auxílios financeiros vindos de seu amigo e colaborador Friedrich Engels. Tentava angariar rendas publicando livros que analisassem fatos da História recente, tais como O dezoito brumário de Luís Bonaparte, mas obteve pouco retorno com estas empreitadas.
Karl Marx teve um filho, nascido da relação extraconjugal com Helen Demuth, empregada em sua casa (Frederick Lewis Demuth). Não podendo perfilhá-lo, arranjou para que fosse reconhecido como filho por Engels. Apesar do que se possa aparentar, sua esposa foi paciente em relação a todos estes ocorridos, mesmo porque ela, uma filha de nobres e amiga de infância de Marx, casa-se com ele por desejo, e não por arranjo cerimonial (comum naquele período). Marx foi, no mais, um pai vitoriano convencional: procurou casar bem suas filhas, de modo a poupá-las dos sofrimentos que haviam sido inflingidos por sua atividade revolucionária à sua mãe (como ele diz numa carta a seu futuro genro Paul Lafargue) e chegou a impedir o enlace de sua filha Eleanor com o revolucionário francês e historiador da Comuna de Paris Lissagaray.
Dialética de Marx
A Doutrina De Marx
Friedrich Engels
Nasceu em Barmen, na Alemanha, no dia 28 de novembro de 1820, no seio de uma família protestante. Filho mais velho de um rico industrial naquela cidade, foi o principal colaborador de Karl Marx, na elaboração das teorias do materialismo dialético e do materialismo histórico.
Freqüentou o ginásio em Eberfeld, cidade vizinha a Barmen, tendo completado seus estudos secundários no Instituto da mesma cidade, que educava estudantes da comunidade luterana local. Interrompeu seus estudos aos 17 anos e em 1838, volta a Barmen para trabalhar numa firma de importação e exportação de Heinrich Leopold.
Iniciou suas atividades intelectuais escrevendo poesias, e teve inicialmente a influência de um movimento literário liberal-nacionalista, aderindo ao círculo literário “Jovem Alemanha”. Através das leituras de SCHLEIERMARCHER e STRAUSS, influenciou-se pelo cristianismo liberal e posteriormente pela filosofia hegeliana.
Em 1841 deixa Barmen para um ano de serviço militar em Berlim, mas não abandona suas atividades intelectuais, escrevendo sobretudo contra Schelling, defensor de concepções anti-hegelianas. Nessa época encontrou nas leituras de “Essência do Cristianismo” e “Teses Provisórias Sobre a Reforma da Filosofia”, de Feuerbach as bases de sua formação antropológica e humanista.
Em fins de 1842, por exigência de seu pai, parte para a Inglaterra onde vai continuar seu aprendizado comercial em Manchester na firma Ermen & Engels (empresa formada com a associação de seu pai e seu tio paterno). Observando com espírito crítico o mundo que o cercava, vendo a pobreza extrema dos operários têxteis, revolta-se contra a situação operária, provocando uma mudança profunda na sua posição política e teórica. Essas observações sobre a classe operária naquele país, o faz acumular farto material que comporá sua obra “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”, escrita entre 1844 a 1845. Ainda nesse ano de 1842, mantém os primeiros contatos com Karl Marx em Colônia.
Em 1843, recusa o convite de Bauer, Schapper e Moll para ingressar na Liga dos Justos, organização que reunia um grupo de operários, principalmente emigrados de Londres, mas que, segundo Engels, defendia “um estreito comunismo igualitário”.
Em 1844 encontrou-se com Marx em Paris de quem se tornou amigo quando ambos participavam das tarefas dos militantes, o que os levou a criar laços cada vez mais profundos com as organizações de trabalhadores de Paris e de Bruxelas.
Em 1845, assume como companheira Mary Burns, operária da empresa Ermen & Engels. A partir deste mesmo ano, mantém uma estrita relação com Karl Marx, viajando a Paris, Bruxelas, Londres, participando ativamente do movimento operário e socialista internacional.
No início de 1847, Marx e Engels aderiram à Liga dos Justos, que em Junho de 1847, em Londres, reuniu-se em congresso para constituir uma nova organização: a Liga dos Comunistas. Engels, como delegado dos comunistas parisienses, participou ativamente nos trabalhos do congresso, sobretudo na preparação dos novos estatutos da II Internacional.
Neste mesmo ano, diante das discussões internas acerca de um Programa comunista para a nova Liga, Engels escreveu “Princípios do Comunismo”, que serviria de base para a elaboração do “Manifesto do Partido Comunista”, escrito conjuntamente com Marx.
No ano seguinte, Engels tomou parte na insurreição alemã, cuja derrota foi analisada em “Revolução e Contra-revolução na Alemanha” (1851-52).
Voltando para Manchester, passou a dirigir a fiação da empresa "Ermen & Engels" e auxiliou Marx e sua família que, fugindo das polícias da Europa continental, emigrara para Londres e lá vivia quase na miséria; de Manchester correspondia-se com ele.
Em 1864, participa da criação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).
Em 1870 vendeu as ações da firma que dirigia, instalando-se em Londres para se consagrar para se consagrar exclusivamente à luta revolucionária, contribuindo para a formação dos partidos socialistas francês e alemão (Crítica aos programas de Gotha e de Erfurt, em colaboração com Marx, 1875) e, deste modo, para a realização da II Internacional, vinte e dois anos depois.
Após a morte de Marx, foi encontrado um rolo com manuscritos do segundo e terceiro tomos d'O Capital. Porém, ninguém sabia se estes já estavam preparados para a imprensa. Mesmo Engels não sabia. Que seria feito do trabalho inacabado de Marx sobre O Capital? Este problema preocupava muitos socialistas que olhavam com esperança e apreensão para Engels. Era necessário um trabalho gigantesco: ler os manuscritos do autor escritos com uma grafia bastante ilegível, decifrar numerosas notas e abreviaturas. Era Engels o único que podia fazer esse trabalho.
No início, Engels apostava que poderia preparar o segundo tomo para impressão em relativamente pouco tempo, mas em Outubro de 1883 foi impedido pela doença que o fez perder mais de meio ano. Pensou então que, com ele próprio podia acontecer qualquer coisa inesperada, no entanto era necessário efetuar rapidamente todo o trabalho de preparação do manuscrito, isto é, ditar o texto a um secretário. Foi um trabalho enorme, que levou bastante tempo. As recaídas da doença impediram Engels de muitas vezes trabalhar sentado na escrivaninha, ele, então, continuava das 10 horas da manhã até as 5 da tarde, a ditar, recostado no sofá, tendo, ainda, que revisar à noite o que havia ditado. O segundo tomo d'O Capital, com a redação de Engels, foi publicado em Julho de 1885.
Nos últimos anos da sua vida, Engels era o maior líder do movimento operário internacional. Todos os problemas relacionados com a direção do movimento e que antes foram divididos com Marx, caíram sobre ele. A casa em Londres onde morava Friedrich Engels tornou-se uma espécie de estado-maior dos revolucionários de todo o mundo. Daí mantinha ligações com socialistas da Inglaterra, da Alemanha, da França, da Rússia, dos Estados Unidos e de outros países; recebia correspondência, em várias línguas, de organizações operárias e socialistas; elaborava a estratégia da unidade do movimento operário internacional no novo e importante período de seu desenvolvimento e encontravam apoio as iniciativas sobre ações revolucionárias da classe operária.
Por altura dos anos 80 na maior parte dos países europeus já existiam organizações proletárias, surgindo a necessidade imperativa de consolidar a solidariedade entre elas, tornando-se uma das tarefas principais, a criação de uma nova organização internacional, que reunisse socialistas de todo mundo. No fim dos anos 80 a social-democracia desenvolveu um vasto trabalho preparatório para convocar o congresso constituinte e Engels empenhou-se para que a nova organização internacional fosse fundada sobre uma sólida base marxista.
Finalmente em 14 de Julho de 1889, em Paris, reuniu-se o Primeiro Congresso da II Internacional ao qual compareceram 407 delegados de 22 países, mas que não contou com a presença de Engels por ocasião das deliberações desse congresso, pois estava ocupado na preparação para impressão do terceiro Tomo d’O Capital. Foi esse congresso que formulou reivindicações programáticas sobre a legislação do trabalho, as comemorações pelo dia 1º de Maio e a jornada de 8 horas de trabalho.
Em 1893, apesar da idade e má saúde, Engels viajou por vários países europeus para ativar a propaganda das idéias marxistas. Em 12 de Agosto chegou a Zurich para assistir aos trabalhos do Congresso Internacional Socialista Operário. Ali se discutiam a tática política da social-democracia, as tarefas dos sindicatos e a questão agrária, condenando reiteradas vezes os socialistas que acreditavam ser possível chegar ao socialismo por vias unicamente eleitorais. Exortou a manter e proteger, em todas as circunstâncias, a unidade na luta contra o capitalismo.
Em Março de 1895 seu estado de saúde se complicou de forma irreversível em 4 de Agosto de 1895, às 22 horas e 30 min., deixou de existir.
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